domingo, 5 de junho de 2011

Não tenho mãe, nem pai, nem avô; nem avó. Filho, tio, primo, raiva, braço; baço, perna. Cabeça, tronco, casa, irmão, trabalho. Sem amigos, dentes, mulher, Deus, prato preferido, estômago ou colega. Não tenho geladeira, saudade, nem nome. Não tenho telefone, língua, nem sobrenome. Não tenho vizinho, não tenho fogão, não tenho mesa, livros, amuletos, calças, cinto. Nem sinto. Violão. Nem dedos nem ouvidos. Nem posição política. Nem posição. Terra. Água. Gosto por arte. Nem gosto. Nem boca. Nem cheiro. Nariz. Nem hora, nem tempo. Nem ponto, nem vírgula. Nem lugar, nem coração. Pleura. Nenhum pulmão. Ódio e pena também não. Pensava que tinha voz, ou cor. Se pensasse; nem vida. Morte. Nem nada; disso, nem isso; nem eu. Nem.

2 comentários:

  1. não ter tanto! ahhhhh
    quero tb ser todo de nadas

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  2. somos de nada, danilo! o ser-de-nada é coisa tão valorizada que consiste em grave ofensa atribuir a alguém a característica de não ser de nada. num é? somos de nada.

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