quarta-feira, 30 de maio de 2012

Estas plantas são recomendadas à proteção do público

Walter Benjamin.



"(...) Quem ama não se apega somente aos "defeitos" da amada, não somente aos tiques e fraquezas de uma mulher; a ele, rugas no rosto e manchas hepáticas, roupas gastas e um andar torto prendem muito mais duradoura e inexoravelmente que toda beleza. Há muito tempo se notou isso. E por quê? Se é verdadeira uma teoria que diz que a sensação não se aninha na cabeça, que não sentimos uma janela, uma nuvem, uma árvore no cérebro, mas sim naquele lugar onde as vemos, assim também, no olhar para a amada, estamos fora de nós. Aqui, porém, atormentadamente tensos e arrebatados. Ofuscada, a sensação esvoaça como um bando de pássaros no esplendor da mulher. E, assim como os pássaros buscam proteção nos folhosos esconderijos da árvore, refugiam-se as sensações nas sombrias rusgas, nos gestos desgraciosos e nas modestas máculas do corpo amado, onde se acocoram em segurança, no esconderijo. E nenhum passante adivinha que, exatamente aqui, no imperfeito, censurável, aninha-se a emoção amorosa, rápida como uma seta, do adorador."

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O caminhão de lixo lhe persegue em marcha ré.
A diferença é que ele, mesmo que precariamente, tem onde descarregar essa merda toda.
Mas pra onde, qualquer lugar. Qualquer lugar, aqui é qualquer lugar, isso não é ir. É verdade, qualquer lugar que tenha água. Hum. Qualquer lugar que tenha muita água, onde não seja possível sentir isso. Isso não é querer sair daqui, é querer sair daí, é querer sair de si. É verdade. Isso deve querer dizer também que não deve ter muita água em mim, se eu quero sair de mim. Urrum.
Can
sa
do
mas
o
quis
mo.

quinta-feira, 17 de maio de 2012