quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Entender a relação entre

a couve-flor parecer um cérebro e a identificação entre suas partes e seu todo.
Acabou.
Esse dia torto, troncho, tosco
Esse dia marginal.
Dia café-com-leite, dia menino que não deixam brincar
nem falar
dia mudo.
Esse dia feito de nadas, de cantos, de sobras
que vinha sendo decomposto há três anos
que ninguém sabe se existe, o porquê
Acabou
O não dia mais bonito do ano.
rompeu, gritou,
mudo
escancarou a falha de tudo
o pequeno ponto de desvio de sujeira de verdade
como uma pena arromba o castelo
já é março.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

sábado, 25 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Para um estado
jamais há outro:
cada momento
é tão eterno
quanto passageiro.

para a dor
não há alegria
para o ódio
nenhum amor
ou morte
ou vida.
toda emoção
nos encerra
cerca
cega
dentro,
porque nos é
- e nós lhe somos.

a parte
toma o lugar do todo
e as coisas
não sobrevivem
aos momentos.

é assim
que toda morte
cria
vida
que o amor
é parteiro do ódio
e que a dor
é a semente do prazer.

não fosse assim,
nada.
não:
uma merda predefinida.
pode repetir esta porra cem vezes!
não adianta.
cada momento continuará tão radicalmente eterno
quanto somos
passageiros.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A escrita, mesmo que na forma de uma simples anotação, abre espaço para novas criações.
É que as idéias que atravessam braços, dedos, canetas para chegar até o papel já não ocupam o lugar que antes ocupavam em nós: o lugar das idéias novas, que nunca permanece vazio.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

o tem
po
uco
temp
oco
tempo.

tempo é palavra poeira. palavra vento. palavra desfeita, defeita, que só é quando já foi, só é o que deixou. O tempo é tudo o que deixou. Ausência. campo de pedra sem ninguém pra sentir o cheiro da folha seca no chão. 

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

retos e oblíquos.

eutu
mete.
Não interrompa
a ruptura;
que sangre.

Não estanque,
o fluido;
mas deixe
que a veia vaze até vazia.
Deixe
-se,
esvaziar:
seque.

Deixe ir cor
ação
A vida precisa de cor
ação.
Deixe ir vida:
morra
o que puder.

Existe
um custo
exige
fonte
seja.
Tudo.

Até que 
morto
criado
dado
vida.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Não ter vergonha de dizer que, sempre que aquilo acontece, sempre que aquela compressão realiza sua usual abordagem, como sempre que essa espécie de, não é um ser, possui uma cabeça entre suas mãos para esmagá-la e retirar dela aquilo de que se alimenta, miolos, resquícios de estrutura, realidade, pequenos grãos de algo que se podia chamar de lucidez, a única solução possível é buscar imediatamente uma fuga, por mais que o desejo seja de enfrentá-la, de agarrar aquelas mãos verdes, de unhas longas, cheias de veias que quase transbordam o líquido cinza, algo como um sangue mas seu contrário, e sacodir a cabeça como um louco, com um desespero tal que corresponde à tentativa mesma de arrancá-la dali, a cabeça, somente através desse movimento súbito e convulsivo, e aí, e aí, sim, é possível ver porque não, porque é isso que ela quer, mais, é do que precisa, se alimenta, se vive, é a partir dessa resposta que ela mesma provoca que ela consegue extrair aquilo de que se nutre, como se o movimento da cabeça e  o terror que alcança a ponta dos dedos espalhassem pelo ar pequenos grânulos que ela suga, ou mesmo respira, como se o leão se alimentasse da adrenalina da zebra, quanto mais a atiçasse, mais alimento teria, sendo essa consciência, a consciência aparente disso, o que permite não ter  vergonha, de dizer, que sempre, o importante é encontrar como faz o rato, aquela pequena fresta, não precisa ser naquele mesmo formato, aquele formato idealizado de frestas de ratos que sabemos qual é, o importante é não oferecer a essa espécie de não ser a resistência de que se alimenta e escapar através de algo que parece muito menor do que aquele monstro e aquela luta, derrotar o gigante