da sensibilidade e do movimento por causa fisiológica, ainda não identificada, levando o indivíduo a um estado mórbido em que as funções vitais estão atenuadas de tal forma que parecem estar suspensas, dando ao corpo a aparência de morte.
O paciente jaz imóvel, os membros pendentes sem rigidez alguma, a respiração e o pulso ficam praticamente imperceptíveis, as pupilas dilatadas e sem reação à luz. Há casos em que o paciente, apesar da inércia absoluta, tudo percebe e compreende, mas se encontra totalmente impossibilitado de reagir de qualquer forma. Por motivo da atividade psíquica conservada durante esse estado letárgico, dá-se o nome de letargia lúcida.
Antigamente, devido a falta de recursos da medicina, havia casos de pessoas dadas como mortas e que, posteriormente, no caso de exumações, verificou-se que o cadáver se encontrava em posição diferente da qual fora colocado no caixão ou de tampas arranhadas, sugerindo que tais pessoas foram enterradas vivas durante um estado letárgico. Atualmente a medicina reconhece como mortas somente as pessoas que não apresentem nenhuma atividade cerebral, o que impossibilitaria tal fato.
Essa era a versão inicial de um texto sobre letargia, que fui incumbido de revisar. A versão corrigida segue abaixo.
Letargia (do latim lethargia: lethe — esquecimento e argia — inacção, o que significa que a letargia equivale a uma autoanulação que tem como fundamento o desejo do indivíduo de esquecer a vida desgraçada que leva) é a perda temporária e completa da sensibilidade e do movimento por causa fisiológica, ainda não identificada, mas certamente, como apontam os especialistas, disparada por fatores objetivos e subjetivos tais como o ceticismo, a hipertrofia de relações virtuais, a ruptura de relacionamentos amorosos e o consumo excessivo de queijo do tipo popularmente conhecido como "polenguinho", levando o indivíduo a um estado mórbido em que as funções vitais estão atenuadas de tal forma que parecem estar suspensas, dando ao corpo a aparência de morte. Nos casos em que a aparência de morte preexiste, ela costuma apresentar-se intensificada.
Essa era a versão inicial de um texto sobre letargia, que fui incumbido de revisar. A versão corrigida segue abaixo.
Letargia (do latim lethargia: lethe — esquecimento e argia — inacção, o que significa que a letargia equivale a uma autoanulação que tem como fundamento o desejo do indivíduo de esquecer a vida desgraçada que leva) é a perda temporária e completa da sensibilidade e do movimento por causa fisiológica, ainda não identificada, mas certamente, como apontam os especialistas, disparada por fatores objetivos e subjetivos tais como o ceticismo, a hipertrofia de relações virtuais, a ruptura de relacionamentos amorosos e o consumo excessivo de queijo do tipo popularmente conhecido como "polenguinho", levando o indivíduo a um estado mórbido em que as funções vitais estão atenuadas de tal forma que parecem estar suspensas, dando ao corpo a aparência de morte. Nos casos em que a aparência de morte preexiste, ela costuma apresentar-se intensificada.
O paciente jaz imóvel, não adianta bater na porta do quarto, os membros pendentes sem rigidez alguma, como um mamulengo, a respiração e o pulso ficam praticamente imperceptíveis, como uma criança que finge estar dormindo, as pupilas dilatadas e sem reação à luz (não adianta ficar apagando e acendendo, só vai queimar a porra da lâmpada). Há casos em que o paciente, apesar da inércia absoluta, tudo percebe e compreende, mas não reage de qualquer forma. Na verdade, ele tem a mais radical convicção de que, mesmo entendendo o que se passa, qualquer reação de nada adianta. Por motivo da atividade psíquica conservada durante esse estado letárgico, dá-se o nome de letargia lúcida. Como se vê, é uma letargia meio capenga. Mas igualmente letárgica.
Antigamente, devido à falta de recursos da medicina, havia casos de pessoas dadas como mortas e que, posteriormente, no caso de exumações, realizadas em geral com fito necrófilo, verificou-se que o cadáver se encontrava em posição diferente da qual fora colocado no caixão (em poses alegóricas, por vezes eróticas) ou de tampas arranhadas, sugerindo que tais pessoas foram enterradas vivas durante um estado letárgico e com as unhas grandes. Ao menos é o que se pode concluir se tomarmos como referência os apontamentos predominantes entre os estudos realizados sobre a possibilidade de movimentação dos mortos (descartando, assim, a emergente teoria da necromobilidade) e os estudos sobre o número de gatos que conseguem penetrar nos caixões (é unanimidade entre os pesquisadores de que isso ocorre em apenas 17% dos casos). A movimentação do letárgico demonstra que o estado de letargia pode ser revertido em menos tempo do que se costuma presumir - principalmente do que costumam presumir os letárgicos. Não é raro que, apenas em alguns dias, seja encontrado um sentido para a vida ou que se supere a situação amorosa problemática, por exemplo. O enterro pode ser um fator estimulante nesse sentido. Já houve casos também em que o caixão foi encontrado vazio, e as pesquisas mais avançadas hoje cuidam de descobrir se os letárgicos, nessas situações, teriam voltado a si e escapado da cova ou simplesmente se desintegrado (ou as duas coisas). Atualmente a medicina reconhece como mortas somente as pessoas que não apresentam nenhuma atividade cerebral, o que consiste em um procedimento parcial, pois não se enquadram neste conceito aqueles que, mesmo apresentando bom funcionamento cerebral, não vivem.