domingo, 31 de julho de 2011

Para bom entendedor, meia palavra basta; para meio entendedor, boa palavra bosta. Eu sempre quis dizer isso assim, em público, com alguém olhando para mim, com todo mundo olhando para mim, com sua mãe me olhando assim, com essa cara, essa boca, esses olhos, exatamente!, esses olhos esbugalhados que já não parecem mais ter pálpebras, pelo menos não o suficiente para que se diga que as têm, nunca o havia feito, falado, com alguém, tão perto, o mais perto possível haviam sido três cômodos, um corredor também, três cômodos e um corredor, não o atleta, de distância, não o atleta de distância, a três cômodos e um corredor de mim estava o meu público potencial mas não, enquanto eu dizia a mim mesmo, eu meu público, eu meu coisa oposta ao público, eu meu centro que para bom entendedor, bosta; foi. Me sinto, finalmente, como a galinha gorda, cheia, prenha, vou explicar ela depois, calma, não me julgue ainda, não me chame ainda de plagiador com essa sua roupa preta e esse capuz através do qual eu consigo mesmo assim encarar esses seus olhos fracos e magros de quem impõe com medo, galinha que julgava que me sentiria quando, quando dissesse, quando proclamasse, agora; é bem verdade que o guarda guarda e aguarda, não era isso que eu ia dizer, foi essa muher que me interrompeu, não, eu não estava falando, ela não estava falando comigo, era eu quem estava pensando, seria mais apropriado dizer vazando, dando vazão aos pensamentos, seria mais justo afirmar de uma vez por todas que é uma diarréia disso tudo que chamar de pensamento seria injusto: ela surgiu subitamente na diarréia, falando em guardar, chamando aquele homem louro, baixo, de bebê, ele não merecia; para o bem ou para o mal ou para a merda, ele não merecia, só um pouco, ser lançado no meio da caganeira e morrer afogado nesse monte de caldo de bosta; ela surgiu como nesses sonhos, você já viu os filmes do Buñuel? Você já viu, por exemplo, deixe eu citar um bom exemplo para você, você já viu o Discreto Charme, eu sei, até Oscar, eu sei, não tenho culpa, eu sei, que Oscar é uma merda, sei sei sei, mas foi assim que ela apareceu em mim. Não é o fato de o Oscar ser uma merda que torna uma merda tudo que, eu sei sei sei. Pa bo enten me pal bas. O que eu realmente, esse realmente é completamente desnecessário, esse completamente é completamente desnecessário, o que vem a ser realmente necessário? Isto também é completamente des-, eu mesmo, eu como um todo e talvez conseqüentemente tudo que eu faça se eu tomar minhas ações e meus produtos como sendo eu, eu mesmo só posso ser necessário de um ponto de vista universal, holístico, cósmico, e cala a boca que não me importa que você não goste, gostar tampouco é necessário, tampouquíssimo, mamente, de outra forma, não, não posso ser. É hora de confessar, como prometi, confessar que, confessar vem de falar junto, falar no particípio passado, con, é hora de falar junto, prometer é mandar para a frente, não tem nada a ver com meter não, meu filho, depende da promessa, é verdade, já nos encontramos à frente, aqui já é o à frente de lá, então agora é meter, ou melhor, enfiar, ou pior, enviar, fricativas lábio-dentais, convesso, seu padre, seu juiz, senhor burguês, vinalmente que a ideia de uma galinha gorda não é minha, me entrego, não é minha originalmente, mas que é hora de dar vim a esses pudores autorais, a esse maldito não me toque, tudo é criação, tudo é criação total, criação de todos, e nós não passamos: da merda de instrumentos dessa roda gigante, da putaria que é esta esvera, círculo, circo. Meia palafra, basta. 

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