domingo, 12 de fevereiro de 2012

Não ter vergonha de dizer que, sempre que aquilo acontece, sempre que aquela compressão realiza sua usual abordagem, como sempre que essa espécie de, não é um ser, possui uma cabeça entre suas mãos para esmagá-la e retirar dela aquilo de que se alimenta, miolos, resquícios de estrutura, realidade, pequenos grãos de algo que se podia chamar de lucidez, a única solução possível é buscar imediatamente uma fuga, por mais que o desejo seja de enfrentá-la, de agarrar aquelas mãos verdes, de unhas longas, cheias de veias que quase transbordam o líquido cinza, algo como um sangue mas seu contrário, e sacodir a cabeça como um louco, com um desespero tal que corresponde à tentativa mesma de arrancá-la dali, a cabeça, somente através desse movimento súbito e convulsivo, e aí, e aí, sim, é possível ver porque não, porque é isso que ela quer, mais, é do que precisa, se alimenta, se vive, é a partir dessa resposta que ela mesma provoca que ela consegue extrair aquilo de que se nutre, como se o movimento da cabeça e  o terror que alcança a ponta dos dedos espalhassem pelo ar pequenos grânulos que ela suga, ou mesmo respira, como se o leão se alimentasse da adrenalina da zebra, quanto mais a atiçasse, mais alimento teria, sendo essa consciência, a consciência aparente disso, o que permite não ter  vergonha, de dizer, que sempre, o importante é encontrar como faz o rato, aquela pequena fresta, não precisa ser naquele mesmo formato, aquele formato idealizado de frestas de ratos que sabemos qual é, o importante é não oferecer a essa espécie de não ser a resistência de que se alimenta e escapar através de algo que parece muito menor do que aquele monstro e aquela luta, derrotar o gigante

Nenhum comentário:

Postar um comentário